Tragédia: gêmeas de 6 anos morrem com diferença de oito dias no Rio Grande do Sul

Perder um filho é uma dor indescritível, mas para a família de Manuela e Antonia Pereira, a tragédia veio em dose dupla. As irmãs gêmeas, de apenas seis anos, faleceram com um intervalo de oito dias, abalando a cidade de Igrejinha, no Rio Grande do Sul. O luto dos familiares é marcado por perguntas sem respostas, enquanto as autoridades investigam as misteriosas mortes das crianças.

As meninas morreram nos dias 7 e 15 de outubro de 2024, apresentando sintomas semelhantes antes de falecerem. Segundo as investigações preliminares, ambas passaram por paradas cardiorrespiratórias, e há suspeitas de que tenham sido envenenadas ou intoxicadas por medicamentos. A mãe das meninas, Gisele Beatriz Dias, foi presa temporariamente sob suspeita de envolvimento nas mortes.

O avô das meninas, Manoel da Cunha Dias, que foi responsável pela guarda das gêmeas por oito meses, está devastado. Ele relembra o carinho que tinha pelas netas, que costumavam correr até ele com abraços e beijos. “Eram meus bichinhos”, desabafou o avô, que lamenta profundamente o fato de ter tido que devolver as crianças aos pais por ordem judicial.

As investigações apontam que a mãe, Gisele, passou recentemente por um surto psicótico, o que poderia ter contribuído para a tragédia. De acordo com o delegado Cleber Lima, há fortes indícios de que as meninas tenham sido vítimas de envenenamento, embora os exames laboratoriais ainda não tenham sido concluídos para confirmar a causa exata das mortes.

Manuela e Antonia viviam em uma rotina aparentemente estável. Elas frequentavam regularmente a escola e não havia registros de denúncias de maus-tratos recentes. No entanto, a mãe já havia perdido a guarda das meninas em ocasiões anteriores devido a episódios de negligência. Durante parte de suas vidas, elas moraram com os avós, que sempre cuidaram delas com muito amor.

O Conselho Tutelar de Igrejinha informou que estava acompanhando a situação das gêmeas desde 2022, quando elas foram morar com os pais novamente. Apesar disso, não foram identificados sinais aparentes de violência. A situação das meninas, no entanto, havia sido monitorada anteriormente em outras cidades, o que levanta questionamentos sobre possíveis falhas na rede de proteção.

A suspeita sobre a mãe ganhou força após depoimentos de familiares, que relataram mudanças em seu comportamento após a morte de um filho mais velho, em 2022. Gisele, que antes era considerada uma mãe amorosa, teria se tornado emocionalmente instável e enfrentado problemas psicológicos graves desde então. Ela chegou a ser internada em uma clínica psiquiátrica há pouco mais de um mês, mas recebeu alta 10 dias antes da tragédia.

O caso tem gerado grande comoção na comunidade de Igrejinha, onde as meninas eram conhecidas e queridas. O avô Manoel ainda não consegue acreditar no que aconteceu. Ele afirmou que, se as gêmeas tivessem permanecido sob seus cuidados, essa tragédia poderia ter sido evitada. “Eu sempre cuidei delas bem”, disse emocionado.

Os corpos de Manuela e Antonia foram enterrados lado a lado no cemitério municipal da cidade. A cena dos dois pequenos túmulos juntos simboliza a profundidade da dor que a família enfrenta, tentando lidar com a perda devastadora de duas vidas inocentes em tão curto espaço de tempo.

O delegado responsável pelo caso reforçou que, apesar das suspeitas sobre a mãe, a investigação ainda depende de resultados laboratoriais para esclarecer completamente as causas das mortes. Enquanto isso, Gisele permanece presa, negando qualquer envolvimento no envenenamento das filhas.

A tragédia trouxe à tona discussões sobre a eficácia da proteção à infância em casos complexos como esse. O Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente de Igrejinha instaurou uma comissão para revisar as ações de acompanhamento feitas ao longo dos últimos anos, em busca de falhas que possam ter ocorrido.

O Ministério Público também está acompanhando o caso de perto, prometendo tomar as devidas providências assim que as investigações forem concluídas. A dor da família e da comunidade agora se mistura com a busca por respostas, enquanto todos aguardam um desfecho para esse episódio trágico.

Esse caso serve como um triste lembrete da importância do acompanhamento contínuo e eficaz de crianças em situações vulneráveis, onde o suporte familiar e psicológico é crucial para evitar desfechos tão trágicos como o de Manuela e Antonia.

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