Em meio à intensificação das investigações que cercam o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se manifestou publicamente nesta sexta-feira (18), após mais uma operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na residência do casal. Sem citar diretamente a ação, Michelle escolheu responder com uma mensagem religiosa em suas redes sociais, gesto que tem se tornado marca registrada de sua postura pública.
“Senhor, te amarei e te louvarei por todos os dias da minha vida. Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor!”, escreveu a presidente do PL Mulher em um story no Instagram. O versículo bíblico, embora não mencione a operação da PF, foi interpretado por muitos como uma tentativa de reafirmar sua fé e resiliência diante das pressões jurídicas que se acumulam sobre a família Bolsonaro.
A postura de Michelle contrasta com a reação mais combativa dos filhos do ex-presidente. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, usou suas redes sociais para expressar indignação. Em tom emocional, afirmou que assistir ao tratamento recebido pelo pai “não é fácil como filho”, e voltou a falar em “perseguição” contra apoiadores do bolsonarismo. Ele também criticou duramente as decisões judiciais, apontando censura e punições desproporcionais.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também se manifestou, focando sua crítica no ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Ele classificou como “covarde” e “desnecessária” a medida cautelar que proíbe o ex-presidente de manter contato com os filhos, alegando que isso representa “o maior símbolo do ódio” por parte do magistrado. A medida tem gerado debate sobre os limites das ações judiciais em casos de possível conluio familiar.
As declarações públicas reforçam a divisão entre defensores e críticos do clã Bolsonaro. Para apoiadores, trata-se de um abuso de autoridade travestido de investigação. Já para os defensores do Judiciário, as medidas são necessárias para impedir a obstrução da Justiça e garantir o andamento das investigações. A tensão entre o STF e os aliados do ex-presidente segue crescente, especialmente com o cenário eleitoral de 2026 se aproximando.
Com Jair Bolsonaro fora da disputa presidencial por conta de sua inelegibilidade, Michelle vem ganhando força nos bastidores do Partido Liberal como possível candidata — seja como cabeça de chapa ou vice. Sua imagem de mulher de fé, perseguida e combativa, tem sido estrategicamente trabalhada para manter o apoio da base evangélica e conservadora.
No centro da crise, Michelle segue apostando na espiritualidade como escudo. Enquanto o cerco jurídico se aperta, ela mantém sua narrativa de fé e perseverança nas redes sociais — posicionamento que, para seus apoiadores, simboliza força; para os críticos, é parte de um discurso que busca desviar o foco das graves acusações enfrentadas pelo ex-presidente e seu entorno.
