No último domingo (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido em Nova Iorque com vaias e gritos hostis por um grupo de brasileiros ao chegar ao hotel onde ficará hospedado durante sua participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O ato de protesto, que atraiu a atenção da imprensa internacional, expôs a polarização que permeia a política brasileira, mesmo entre as comunidades de imigrantes.
Os manifestantes, muitos deles munidos de bandeiras americanas e cartazes em apoio ao ex-presidente Donald Trump, se concentraram nas proximidades do hotel. As vozes se ergueram com frases como “Lula, ladrão, o seu lugar é na prisão” e “Aqui não é Lula, aqui é Trump”, evidenciando um clima de acirramento político.
A segurança do local, sob responsabilidade do Serviço Secreto dos Estados Unidos, estabeleceu uma distância de cerca de 35 metros entre os protestantes e o presidente, mas isso não impediu que as críticas pudessem ser ouvidas.
Apesar do tumulto, Lula optou por não comentar o ocorrido, mantendo-se firme em sua agenda oficial. O evento não apenas destacou o descontentamento de uma parte significativa da diáspora brasileira, mas também refletiu a continuidade da polarização política que o Brasil enfrenta.
O fenômeno de protestos contra o presidente durante viagens internacionais não é novo, mas a visibilidade do ato em Nova Iorque, com a presença de líderes globais para a ONU, amplificou sua repercussão.
Especialistas em política afirmam que esses protestos são um reflexo da intensa polarização que caracteriza o debate político no Brasil. Para o cientista político Carlos Mello, a mobilização de brasileiros no exterior demonstra que a divisão política transcende as fronteiras nacionais.
“O que observamos é uma exportação da polarização. Grupos com forte identificação ideológica mantêm sua militância ativa mesmo fora do país, o que pode levar a constrangimentos diplomáticos em viagens oficiais”, analisa Mello.
A reação dos aliados de Lula, porém, é de que tais manifestações representam uma minoria e não refletem a recepção do governo brasileiro fora do país. Eles ressaltam que a participação do presidente na Assembleia Geral da ONU pode fortalecer sua imagem como um líder global comprometido com questões como a luta contra a fome e a defesa da democracia.
Entretanto, a oposição não hesita em utilizar o episódio para reforçar narrativas de rejeição internacional ao governo. Enquanto Lula continua sua agenda em Nova Iorque, que inclui reuniões com líderes mundiais e discursos em fóruns multilaterais, o episódio das vaias permanece como um lembrete da divisão política que acompanha o presidente, mesmo fora do Brasil.
A cena dos protestos, além de evidenciar a hostilidade que o governo enfrenta, sublinha o desafio persistente de unir uma nação que ainda se mostra fragmentada em suas visões políticas. A disputa pela narrativa em torno das manifestações deve se intensificar nas redes sociais nas próximas semanas, revelando que a polarização brasileira continua a ser um tema relevante, independentemente da localização.