Uma história tocante que emerge de Massachusetts, nos Estados Unidos, traz à tona questões críticas sobre saúde mental materna e a necessidade urgente de atenção a esse tema. Ariana Sutton, esposa do policial Tyler Sutton e mãe de três crianças, faleceu tragicamente poucos dias após dar à luz gêmeos prematuramente. Este triste episódio revela um problema recorrente, mas frequentemente ignorado: a depressão pós-parto.
Ariana sempre demonstrou um profundo amor pela maternidade, mas já havia enfrentado a escuridão da depressão pós-parto após o nascimento de sua primeira filha, Melody, em 2018. Durante esse período, ela chegou a ser hospitalizada duas vezes devido à gravidade do quadro. Com o tempo, conseguiu se recuperar, retomando suas atividades e cuidando de Melody com dedicação.
Quando o casal descobriu que esperava gêmeos, Tyler sentiu uma mistura de euforia e apreensão. Ambos estavam cientes de que a gestação de múltiplos trazia não apenas desafios físicos, mas também riscos psicológicos significativos, especialmente para Ariana. Eles não deixaram de lado o histórico de depressão. Durante a gravidez, ela fez terapia semanal e manteve um acompanhamento médico rigoroso, com profissionais atentos à sua saúde emocional.
No entanto, o que ninguém poderia prever aconteceu. Os gêmeos nasceram prematuramente em 22 de maio e foram rapidamente levados para a UTI neonatal. Tyler descreve esse momento como uma montanha-russa de emoções, entre alegria e preocupação. Foi nesse período delicado que os sinais de um novo episódio depressivo começaram a se manifestar.
Após o nascimento dos gêmeos, Ariana começou a mostrar sinais inquietantes de angústia. A visão dos bebês, tão frágeis e conectados a máquinas, afetou profundamente seu estado emocional. Tyler relembra que ela expressou seu desespero, desejando que os filhos “voltassem para sua barriga”, uma declaração que ecoou com dor e impotência. Apesar de seus esforços para confortá-la, a tempestade emocional que Ariana enfrentava se intensificou rapidamente.
O mais alarmante, segundo Tyler, foi a velocidade com que a situação se deteriorou. “Não havia sinais claros de que ela estava prestes a colapsar. Estávamos atentos, ela estava sendo acompanhada… ninguém suspeitava. Nunca imaginei que isso poderia acontecer”, desabafou. Infelizmente, a luta de Ariana terminou de maneira devastadora, deixando um vazio imenso na vida de sua família e causando luto em sua comunidade.
A história de Ariana é um reflexo de um sofrimento que milhares de mulheres experimentam em silêncio. A depressão pós-parto afeta entre 10% e 20% das mães e, se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros graves e até fatais. A experiência de Ariana, que já havia enfrentado a doença antes, evidencia a urgência de um olhar mais atento e preventivo sobre a saúde mental durante o período perinatal.
Tyler, profundamente abalado, decidiu usar sua dor para alertar outras pessoas sobre a realidade da saúde mental materna. Ele tem se manifestado publicamente, com a esperança de evitar que outras famílias vivenciem a mesma tragédia. “Precisamos falar sobre isso. Não é raro e não é fraqueza. É real, perigoso e pode acontecer com qualquer um”, enfatiza.
Hoje, Tyler enfrenta o desafio de criar três filhos pequenos enquanto lida com a dor da perda. Sua história tem gerado mobilização em redes de apoio, profissionais de saúde e ativistas, que clamam por mais investimentos em políticas públicas voltadas à saúde mental perinatal. A morte de Ariana deve ser vista não apenas como uma tragédia pessoal, mas como um chamado à ação para que a sociedade aprenda a identificar e tratar adequadamente a saúde mental das mães.
Que a memória de Ariana inspire mudanças significativas para que nenhuma outra mãe enfrente essa dor sozinha. É fundamental que o amor pela maternidade não seja sufocado por uma angústia que poderia ser evitada.