O cenário político brasileiro se tornou ainda mais polarizado após as recentes declarações da primeira-dama Janja Lula da Silva, que responderam a ataques feitos pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A controvérsia teve início em 16 de agosto, quando durante um evento do PL em Natal, Michelle se referiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de forma depreciativa, chamando-o de “mentiroso, cachaceiro e pinguço”. As palavras de Michelle rapidamente viralizaram nas redes sociais, intensificando a rivalidade entre os apoiadores dos dois lados.
Em uma entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Janja se posicionou de maneira firme contra as ofensas de sua adversária. Ela enfatizou que não vê Michelle como uma ameaça nas próximas eleições de 2026, afirmando: “Sinceramente, não estou preocupada com a figura dela. Eu falo sem precisar xingar o marido de ninguém, eu jamais faria isso.”
A declaração sugere uma tentativa de elevar o nível do debate político, promovendo uma discussão baseada em respeito e argumentos em vez de ataques pessoais. A primeira-dama também deixou claro que não hesitará em defender Lula quando ele for alvo de insultos.
“Qualquer pessoa que ataque o meu marido, eu me sinto no direito de protegê-lo”, destacou Janja, ressaltando que sua intervenção não é apenas uma questão de proteção, mas também de reafirmar seu papel ativo no cenário político, algo que vai além do tradicional simbolismo atribuído à sua posição.
Janja criticou a falta de ética na condução pública de Michelle, expressando a esperança de que a ex-primeira-dama possa compreender a importância de seu papel. “Espero que ela tenha ética para saber qual é o papel que ela tem. Para nós mulheres, o comportamento dela é muito ruim”, disse.
Essa observação amplia o debate para discutir o impacto das mulheres em posições de poder, questionando como suas atitudes podem moldar a política e a sociedade. Além disso, Janja salientou que o episódio transcende uma rivalidade pessoal e se conecta a uma questão mais ampla sobre a representatividade feminina.
“Não é sobre ela, é sobre as mulheres. A gente já é muito atacada, já tem dificuldade de alcançar lugares de decisão e poder”, afirmou. Seu discurso reforça a necessidade de responsabilidade por parte das mulheres em posições de destaque, destacando a importância de comportamentos que inspirem e unam, ao invés de dividir.
Apesar das pressões e ataques que enfrenta, Janja revelou que não pretende se afastar da política. Ela admitiu ter considerado deixar a arena política em momentos de desânimo, mas reafirmou seu compromisso em dialogar com diferentes setores da sociedade, buscando especialmente uma aproximação com mulheres evangélicas.
Essa estratégia visa criar laços com um eleitorado que historicamente se alinha à direita, demonstrando que a rivalidade entre as duas primeiras-damas é parte de um jogo político mais amplo que pode influenciar o futuro do Brasil.
Com essa postura, Janja Lula da Silva não apenas se posiciona como uma defensora de seu marido, mas também como uma voz ativa na luta pela representatividade feminina na política, ao mesmo tempo em que busca construir diálogos que possam reduzir as divisões existentes no cenário eleitoral brasileiro.
A disputa entre as duas primeiras-damas, portanto, vai além de uma simples troca de insultos e se transforma em um reflexo das complexas dinâmicas políticas e sociais do país.
