Nesta semana, um acidente fatal em Brasília trouxe à tona novamente o perigo dos airbags defeituosos, após a morte de Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, de 37 anos. A assistente social dirigia seu carro, um Toyota Etios, quando colidiu na traseira de outro veículo parado em uma faixa de pedestre, em frente ao Terminal Rodoviário do Cruzeiro. O que inicialmente parecia um acidente comum se tornou trágico quando um fragmento do airbag se soltou, atingindo mortalmente a vítima.
Segundo o laudo preliminar da Polícia Civil do Distrito Federal, Marcela foi atingida na cervical por um pedaço do airbag que explodiu com a colisão. O delegado responsável, Victor Dan, da 3ª DP do Cruzeiro, afirmou que a investigação ainda aguarda a conclusão dos laudos do Instituto de Criminalística para confirmar a origem exata do fragmento.
A morte de Marcela reacendeu discussões sobre os riscos dos airbags defeituosos, especialmente os fabricados pela empresa japonesa Takata. Esse modelo de airbag foi o foco de diversos recalls ao redor do mundo, sendo alvo de um dos maiores escândalos globais na indústria automotiva. No caso do carro de Marcela, o airbag estava envolvido em um recall pendente desde 2019, segundo a montadora Toyota.
A empresa lamentou o ocorrido e afirmou que a peça defeituosa já fazia parte de uma campanha de recall, mas que o reparo não foi realizado no veículo de Marcela. A tragédia revela o quão perigosas podem ser as falhas em sistemas de segurança, especialmente quando os consumidores não têm conhecimento sobre os recalls de seus veículos.
Os airbags da Takata utilizam um composto químico chamado nitrato de amônio, que, quando exposto ao calor e à umidade, pode se tornar instável e causar explosões inesperadas. Com o tempo, esse material pode corroer componentes metálicos do dispositivo, transformando o que deveria ser um equipamento de proteção em uma verdadeira arma.
A Polícia Militar, que atendeu a ocorrência, inicialmente acreditava que a peça que atingiu Marcela era a espoleta do airbag, uma parte responsável por inflar a bolsa em caso de acidente. Esse detalhe foi mencionado no laudo preliminar, mas a investigação completa ainda não foi concluída.
Casos como o de Marcela não são isolados. Estima-se que, no Brasil, cerca de 2,5 milhões de veículos ainda circulem com airbags defeituosos fabricados pela Takata. Essas falhas já resultaram em inúmeros acidentes graves ao redor do mundo e levaram a empresa a se declarar culpada nos Estados Unidos, sendo condenada a pagar mais de 1 bilhão de dólares em multas e indenizações.
A morte de Marcela é um lembrete doloroso da importância de atender aos recalls de segurança automotiva. Muitos motoristas não dão a devida atenção aos alertas de recall, seja por falta de informação ou pela complexidade dos trâmites necessários para o reparo. No entanto, a negligência pode ter consequências trágicas, como vimos neste caso.
A Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN) reforça que as montadoras são responsáveis por alertar os proprietários de veículos sobre a necessidade de substituição gratuita de componentes defeituosos, especialmente quando envolvem itens tão críticos quanto os airbags.
Marcela deixa duas filhas pequenas e uma família devastada pela perda inesperada. O velório e o sepultamento da assistente social aconteceram no Cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga, nesta quinta-feira, 3 de outubro. A comunidade local ficou abalada com o acidente e a forma trágica como Marcela perdeu a vida.
O caso ainda está sob investigação, e o resultado final dos laudos periciais será determinante para esclarecer as circunstâncias exatas da morte de Marcela. Enquanto isso, a dor da família e amigos se mistura à revolta pela falha de um dispositivo que deveria salvar vidas, mas acabou sendo o motivo de uma tragédia.
Esse episódio levanta uma questão crucial sobre a segurança automotiva no Brasil: quantos outros veículos ainda circulam com componentes defeituosos, colocando em risco a vida de seus motoristas e passageiros? E até que ponto os consumidores estão cientes da importância de atender aos chamados de recall?
A morte de Marcela deve servir como um alerta para que outros proprietários de veículos fiquem atentos aos avisos de recall e busquem imediatamente os reparos necessários. Afinal, a segurança nas estradas depende não apenas da qualidade dos veículos, mas também da responsabilidade de todos os envolvidos no processo.
O caso de Marcela Gonçalves Feitosa de Melo é uma triste lembrança de que acidentes fatais podem ocorrer, mesmo em situações aparentemente simples. A falha do airbag, que deveria protegê-la, foi o que tirou sua vida.