Em 2004, Priscila Belfort, com apenas 29 anos, desapareceu em circunstâncias misteriosas após sair para o trabalho. Vinte anos se passaram, e sua família, especialmente sua mãe, Jovita Belfort, ainda mantém viva a esperança de reencontrá-la. A história de Priscila não apenas abalou o Brasil, mas também se tornou um marco doloroso na vida de todos os que a conheciam.
A família Belfort é conhecida nacionalmente, especialmente por seu irmão, Vitor Belfort, renomado lutador de MMA. Porém, foi o sumiço de Priscila que trouxe uma carga emocional devastadora à vida de seus entes queridos. Apesar de tanto tempo ter passado, a memória de Priscila permanece vívida, e sua ausência é sentida de forma intensa.
Um dos momentos mais marcantes desse vigésimo aniversário do desaparecimento foi o lançamento do documentário “Volta Priscila”, produzido pela plataforma de streaming Star+. O documentário narra a trajetória da jovem e o impacto de seu desaparecimento na família e em todo o país. Para Jovita, a produção foi dolorosa, mas necessária, pois revelou ao público mais detalhes sobre quem sua filha era em vida.
Mesmo com o sofrimento evidente, Jovita encontrou forças para continuar. Ela se junta a outras mães na Igreja da Sé, onde participa de orações e ações para manter a memória de filhos desaparecidos viva. A fundação Mães da Sé, da qual Jovita faz parte, é um símbolo da persistência de mães que, como ela, não desistiram de buscar seus filhos.
Ao longo desses vinte anos, a mãe de Priscila enfrentou muitos desafios. Problemas de saúde foram agravados pelo estresse e tristeza decorrentes do sumiço da filha e da busca por respostas. No entanto, Jovita afirma que nunca perdeu a fé e acredita que, um dia, alguém possa finalmente revelar o que aconteceu com Priscila.
Ela acredita que o caso de sua filha não foi um mero mistério sem solução, e que há pessoas que sabem o que realmente aconteceu. Jovita se apega à ideia de que, com o passar do tempo, alguém se sinta seguro o suficiente para compartilhar informações que ajudem a desvendar o desaparecimento. Segundo ela, a prescrição do crime pode ser um fator decisivo para que alguém fale sem medo de consequências.
A dor de não ter um corpo para velar e a incerteza sobre o destino de sua filha são alguns dos elementos que mantêm viva a esperança de Jovita. Ela acredita que, enquanto não houver uma conclusão definitiva, existe a chance de reencontrar Priscila, viva ou morta, mas com a verdade revelada.
O impacto desse desaparecimento vai além da família Belfort. Priscila se tornou um símbolo da luta das mães de desaparecidos, daquelas que nunca desistem, mesmo diante da falta de respostas. Sua história continua a sensibilizar e motivar pessoas a não esquecerem os desaparecidos do Brasil.
A produção do documentário também reacendeu as discussões sobre a questão dos desaparecimentos no país e a importância de iniciativas que busquem manter esses casos em evidência. Documentários como “Volta Priscila” trazem à tona questões sociais e familiares que muitas vezes são esquecidas ou ignoradas pela sociedade.
Apesar das dificuldades, Jovita mostra uma força admirável, continuando a falar sobre sua filha e incentivando outras mães a nunca desistirem de suas próprias buscas. O tempo, para ela, não é um fator que apaga a esperança, mas sim algo que reforça a necessidade de seguir adiante.
Jovita crê que, um dia, um vizinho, amigo ou parente possa decidir falar o que sabe sobre o caso. Esse é o fio de esperança que ela se recusa a largar, mesmo após duas décadas de silêncio.
Embora o tempo passe, a expectativa de reencontrar Priscila ou, pelo menos, de obter respostas concretas sobre seu destino, continua viva.